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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Fichas de avaliação, para que vos quero?

Partilhado por Teresa Marques
(Publicado em: www.tempodeteia.blogspot.com 30/10)


Ficha velhinha esta.

À medida que os anos avançam, há fichas que se acrescentam, fichas que se deitam fora... mas outras... outras permanecem connosco, cheias de cola, de cabeçalhos modificados, uma ou outra palavra feita à mão. Nem apetece refazer no PC... coisa assim do coração, já meio amarelada, que se guarda como rosa seca de primeiro namorado. Não há como substituir.
São fichas que conquistam o seu espaço pela utilidade de algumas das suas propostas, pelo equilíbrio geral das questões, pelo trabalho estruturante que permitem. E, sobretudo, nos acordam para nunca exigir menos ao longo dos anos, mesmo que a tentação surja. Só acrescento fichas ao reportório que exijam mais deles...
Esta é uma delas e este exercício em particular aquele que mais me tem surpreendido e ensinado. Aquele que mais ajuda os alunos do 5º a iniciar-se na resolução de problemas sem se aperceberem. A recear, a descontrair, a aumentar depois a auto-estima pela conquista..

A pressão a que sujeitei esta turminha resultou. A invocação de sólidos invisíveis também. Abstracção bem trabalhada (nos 19 testes apenas dois erros mínimos em contagem de elementos dos sólidos. Sucesso pleno.) As avaliações nos procedimentos foram óptimas e mais de metade acertou a resolução deste problema 7 (nesta ficha deixo que o resolvam com recurso à modelação... constroem uma planificação do cubo durante o teste e colocam as pintas em função do manuseamento do dito, procurando testar cada uma das posições.)

Hoje na aula de correcção lembrei-me de algo que nunca havia feito e a reacção foi excelente. Ai estas fichinhas antigas! Sempre a aprender novas potencialidades que elas escondem.
Uma vez que as avaliações foram óptimas, a correcção limitou-se aos poucos erros de cada um (correcção mais autónoma e individualizada... eu ia percorrendo a sala ajudando) e desafiei quem não havia conseguido encontrar resposta ao 7 a tentar de novo (sem ajuda). À medida que iam conseguindo, eu agarrava no teste e escrevia uma informação para os pais: O M. na aula conseguiu resolver sozinho e sem ajuda o problema 7. Assinei as informações que no fundo foram uma extensão da avaliação já feita (a "nota"... neste caso duas, pois dou nota ao desempenho nos procedimentos e nota ao desempenho na resolução de problemas).
A alegria dos alunos em poder levar na ficha a confirmação aos pais de que o erro não havia sido desleixo e que se haviam empenhado em corrigi-lo autonomamente, esclarecendo as dúvidas, deu-me a certeza de que será uma estratégia que passarei a repetir com esta e outras fichas em situações que se justifiquem.

Costumo dizer-lhes que para mim as fichas de avaliação só têm interesse se forem ferramentas que promovam o seu crescimento e a sua aprendizagem. Que os ajudem a compreender melhor a razão dos erros cometidos. Que me ajudem a perceber o que precisam de mim. E é verdade.

Não quero as fichas para mais do que isso. E já é tanto...





No final da aula, a confirmação de algo que vem acontecendo com o nosso menino especial (autista... fomos informados de que o diagnóstico asperger não será o mais correcto no seu caso, que parece ter todas as características de um autismo com grande grau de profundidade e trabalhado tardiamente, mas muito bem!). A professora do apoio (que esteve presente nesta aula - está uma vez por semana) confirmou que o M. faz o seu próprio sumário quando percebe que a sua tarefa foi diferente da dos colegas e não o copia do quadro. Já o havia feito noutras ocasiões, hoje confirmámos esse crescimento espantoso, essa conquista maravilhosa que se seguiu à da autonomia na consulta do horário (Mãe! Professora digo eu. Professora! Agora é Matemática?). Na aula esteve a fazer a ficha de avaliação acompanhado pela professora do apoio. No sumário escreveu: Fiz uma ficha de matemática e o bilhete de identidade dos sólidos (tarefa que a professora foi fazendo em paralelo com ele). No quadro podia ler-se: entrega e correcção da ficha de avaliação).


Dá trabalho, pois. Mas dá também muita alegria.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Há perguntas e perguntas...

Partilhado por Teresa Marques:



Nesta turma é assim.
Laços bem tecidos de mais de um ano permitem-nos reflectir em conjunto sobre as questões mais inesperadas. Aparentemente nem seriam conversas para ter com alunos. Mas são. E fazem-nos bem. E ajudam a perceber melhor os quês, os porquês, as razões da exigência, a necessidade que temos dela.

Meninos, sabem que há assim umas perguntas tontas que se podem fazer sobre o perímetro do círculo, perguntinhas de nada que nem dá para ver se perceberam bem ou não esta coisa do pi, do perímetro do círculo...
Quais?
Aquelas do tipo: calcula o perímetro de um círculo com tal de diâmetro.
É fácil: é só multiplicar por pi (já todos sabem)
Pois, mas isso não quer dizer que se tenha percebido bem. Basta só decorar e pronto. São perguntinhas tontas porque as respostas vão ser todas iguais. Mas eu quero mais para vocês. Quero que me provem que entenderam e, se não tiverem entendido, eu tento de novo. Claro que no teste vão aparecer algumas perguntinhas tontas dessas, mas as melhores perguntas serão as que vos levem a pensar e vos obriguem a explicar o porquê matemático de qualquer coisa, ou a ter de provar uma escolha. Ah! E já sabem... Um destes dias lá terão umas perguntitas surpresa para eu ver se isto anda a correr bem...

Temos trabalhado nessa perspectiva, e procurado exercícios e problemas que não são fáceis.
.

E peço que me vão explicando o que aprenderam até agora, detectando aqueles que mesmo com métodos activos e investigação só "fixaram" a coisa de multiplicar o pi pelo diâmetro.

Antes de ontem, um mini-teste surpresa com apenas uma pergunta (retirada de uma prova de aferição): dou-lhes três círculos de diâmetro diferente, um rectângulo e peço que, através de medições, cálculos e explicações me digam qual dos círculos escolheriam para ser a base do cilindro numa planificação deste sólido (sendo o rectângulo a planificação da superfície lateral).
É o "meu" primeiro grande teste. Aquele em que percebo se cheguei verdadeiramente até eles numa questão que só aparentemente parece simples. Confesso uma certa ansiedade quando pego no trabalho que fizeram. Este ano, as expectativas foram excedidas por um lado, com alunos a surpreender, mas ainda não me sinto satisfeita. Em 26 alunos, cerca de 7 apresentam um trabalho deficiente ou muito incompleto (curiosamente alguns deles são alunos que têm habitualmente resultados bastante satisfatórios). Mesmo com explicações menos completas, ou a merecer ajuste e correcção, mesmo com erros de cálculo (ai o que eu me zango com eles! Fazem o mais difícil e depois as contas... eles percebem a minha zanga...) apareceram muitas respostas bem organizadas e reveladoras do entendimento da questão essencial. Não foi nada mau, claro, mas temos de trabalhar depois as questões da organização das nossas explicações com recurso aos símbolos, aos esquemas, às palavras e frases com sentido, prestando especial atenção a quem revelou não ter entendido na essência o que se pretendia.

Vou devagarinho sempre. Com muita exigência, mas sem acelerações desnecessárias. Não os quero perder e os inícios são decisivos. O 6º ano representa um salto grande na exigência dos conteúdos/conceitos. E pelo caminho eles aprendem muito mais do que apenas as questões relacionadas com o perímetro do círculo. Mais tarde recuperarei o tempo investido. A ideia não é fazê-los aprender?










NOTA:

No último encontro do Departamento partilhámos instrumentos de avaliação para cruzar...

Vai ser interessante comparar resultados e dificuldades.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Reunião de Departamento

Por Abel Morais

Mais uma terça-feira mais uma reunião. Como tinhamos combinado, no início do ano, reservamos as tardes de terça para trabalharmos em conjunto.
Hoje, enquanto alguns colegas do 3º ciclo estavam a preparar aulas, os outros estavam à volta do computador e do e-beam a procurar maneiras diferentes de abordar alguns conteúdos. Com a ajuda inestimável da Teresa, estamos cada vez mais competentes no uso destas novas ferramentas que a tecnologia põe ao nosso dispôr.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Investigar o "pi"

Partilhado por Teresa Marques


Coloquei no blogue da minha turma do 6º ano algumas ligações a páginas com informação sobre o "pi", para que mais facilmente possam fazer pequenas investigações sobre a sua história.

Deixo aqui... o que coloquei lá!




Pesquisa: História do "pi"


Algumas fontes possíveis:

Internet



http://pt.wikipedia.org/wiki/Pi

http://joanario.no.sapo.pt/pi.htm#inicio

http://joanario.no.sapo.pt/pi.htm#tabela

http://moodle.apvm.net/mod/forum/discuss.php?d=1588

http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm17/pi.htm

http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2001/icm34/historia.htm

http://planeta.terra.com.br/educacao/Astronomia/pi.htm

http://www.alunos.utad.pt/~al12940/Pi.htm

http://pubol.ipbeja.pt/Artigos/NumeroPi/Pi.htm

...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Teste Diagnóstico 5º Ano

Partilhado por Teresa Marques:

http://depmataz.googlepages.com/fichadiagnosticoMAT5.doc


Simples, uma página apenas. Não inclui Geometria.

No verso pode aproveitar-se para fazer diagnóstico oral: cálculo mental, ditado de números... tendo por base um modelo previamente estabelecido, como o do exemplo que se segue:

Para visualizar/descarregar as páginas um e dois da avaliação oral:

http://depmataz.googlepages.com/teste0001.jpg

http://depmataz.googlepages.com/teste0002.jpg

Da fantasia à abstracção...

Partilhado por Teresa Marques:

Estão a ver esta pirâmide que tenho na mão? Sim? Mesmo mesmo?
(Seguro-a por uma ponta, elevo-a pendurada e informo que se trata de uma pirâmide quadrangular.)
De certeza que estão a ver?
Várias vezes o coro de sins com mil sorrisos de cumplicidade.
Já sabem que só nós é que conseguimos vê-la... qualquer pessoa que aqui entrasse agora não veria nada pendurado na minha mão...
Pois é professora, só nós é que temos o poder.
Sim. Só nós.

Agora, para eu ter a certeza de que estão a ver tudo bem visto, preciso que me contem o número de vértices, arestas e faces. E, já sabem, tal como falámos ontem, usem a lógica, usem a razão. Essa coisa de contar com os dedinhos sem perceber a relação entre estes elementos e o sólido em causa, com frequência leva a erros. Sejam críticos, analisem a resposta, verifiquem se é possível...

Sim. Está bem.
Aqui vai... Quantos vértices tem esta pirâmide?

Olham para o vazio na minha mão (braço já cansado de elevar uma pirâmide invisível) e dedos no ar pedindo para responder.

Diz lá tu C.
São 5.
Hummm... anda cá explicar isso.

Levanta-se. Avança para mim. O dedinho aponta cada um dos invisíveis vértices e a voz explica que nem era preciso. Pois se a base é um quadrado, professora, são quatro em baixo e um em cima. Esse por onde a professora está a segurar nela. Sorriso enorme... (Segurar o quê? Todos conseguimos ver o que lá não está e ao fim de uns minutos já nem questionamos isso.)

Já me dói o braço. A pirâmide é pesada. (Mudo-a de mão, sacudo o braço cansado.)
Professora!
Sim?
Posso ser eu a pegar nela?
Podes. Toma lá. Mas eleva-a alto para todos a verem...

Entrego-a. Ele recebe-a. Eleva-a como lhe pedi. Ar sério.
A aula continua. Oh professora! O número de vértices e de faces nas pirâmides parece que é sempre igual! Ai sim? Por que será? E será que é para todas elas? Porquê?
Novos desafios, mais caminhos.
Agora são eles a propor aos colegas novos sólidos. Sustentando-os com a convicção de uma fantasia que torna tudo bem real nestas idades.

Claro que lhes explico com seriedade a importância da abstracção. De passar do modelo real, ao modelo na nossa mente. O que isso implica de conhecimento, de estudo, de relação entre tudo o que se vai aprendendo. Falamos da importância do uso da memória. Ferramenta fundamental para poder fazer crescer a compreensão do mundo, através dos fios que tudo vão ligando.
Sabemos navegar entre a fantasia, que também é coisa para levar muito a sério, e a importância de crescer na nossa percepção do mundo, que nem sempre terá os objectos do conhecimento à mão. A aula torna-se exigente. Aprendem a expressar argumentos, a explicar raciocínios e respostas.

E agora?
Agora basta atirar o sólido ao ar e ele volta lá para cima, para o céu dos sólidos.
Quando precisarem de um... basta estender a mão, pensar nele e... ele estará de volta!

Oh professora...
Sim?
Esta aula foi muito gira...